Os problemas sociais urbanos são aqueles causados por conta do rápido processo de urbanização da sociedade. Hoje, estima-se que mais da metade da população brasileira vive em 6% das cidades do país. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 118,9 milhões de pessoas moram em apenas 317 municípios, de um total de 5.568.
Esse processo de urbanização gera conflitos sociais que afetam a vida de todos nós. Então, neste artigo, você verá um resumo sobre esses problemas, as principais causas e as consequências.
Movimento migratório é origem dos problemas sociais urbanos
A urbanização é um fenômeno global que data da Revolução Industrial, mas no Brasil se intensificou na segunda metade do século XX. Acontece que o movimento migratório de áreas rurais e cidades menores para grandes centros comerciais não pode ser sustentado a longo prazo.
O estudo do IBGE mostrou que 57% da população brasileira vive em somente 6% do território disponível. A busca por melhores condições de vida, sobretudo, conduziu esse processo, mas a relação desigual entre oferta e demanda de empregos desencadeou uma série de eventos que produziram os problemas sociais que veremos a seguir.
Desemprego
Quem nunca ouviu a história de alguém que saiu de uma cidade pequena para “tentar a vida na cidade grande”?
A busca por crescimento pessoal seduziu milhões de pessoas ao longo dos anos e certamente continuará acontecendo, mas a realidade é que hoje os maiores centros econômicos do país não possuem estrutura para comportar todas estas pessoas.
Seja por conta das crises econômicas ou mesmo pelo fato das cidades terem atingido um platô em se tratando de desenvolvimento, o aumento de demanda por emprego colapsou a infraestrutura das cidades e produziu um cenário que beira o canibalismo: muita gente procurando emprego e poucos cargos à disposição. A falta de emprego, portanto, é um dos grandes problemas sociais urbanos que o país enfrenta e puxa uma longa lista de situações adversas em um efeito cascata.
Moradia precária
Moradias precárias são um dos maiores problemas sociais urbanos do Brasil. Medido através do índice de déficit habitacional, estima-se que existam 5,876 milhões de moradias em condições de precariedade, segundo a Fundação João Pinheiro. São casas que não apresentam as condições adequadas para abrigar os moradores, seja por conta da superlotação ou falta de estrutura.
Além disso, outro fator que determina uma moradia precária é o material de que é feito o local. Casas construídas com materiais inadequados, como madeira, podem apresentar riscos à vida dos moradores, haja visto que existe uma relação direta entre saúde e moradia.
Segregação socioespacial
A segregação socioespacial também é um problema social urbano gerado pelo crescimento da população nas grandes cidades. Trata-se do afastamento progressivo da população de baixa renda para as zonas mais periféricas da cidade, aquelas com menos infraestrutura e oportunidades. Isso acontece porque as regiões consideradas centrais possuem um alto preço na demarcação do solo, que impede a permanência de pessoas com menos poder aquisitivo.
Favelização
Um fator que decorre da segregação socioespacial é o processo de favelização. “Expulsos” dos centros urbanos, parte da população busca maneiras de se manter o mais próximo possível das áreas com melhor infraestrutura, construindo moradias inadequadas em locais de risco. Por isso, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro possuem paisagens conflitantes, mostrando um retrato da desigualdade que as atinge.
Desigualdade
Todas estas situações agravam um problema que tem raízes muito mais profundas: a desigualdade social. Ainda que possa ter surgido por conta do histórico escravocrata da sociedade brasileira, o processo de urbanização tratou de exponenciar essa desigualdade que existe no país.
E a relação é muito direta. Sem emprego, não há recurso financeiro para moradia digna; sem moradia digna, não se tem acesso a serviços essenciais e a oportunidades de desenvolvimento pessoal. É um efeito dominó que reflete na vida de todos nós, basta olhar à volta.
Violência
A violência também é um dos problemas sociais urbanos que descendem dos fatores citados antes, sobretudo o desemprego e a falta de acesso a direitos básicos. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que para cada 1% de aumento do desemprego, sobe 1,8% a taxa de homicídio. Por outro lado, vemos que o crescimento de 1% no índice de atendimento escolar reflete na diminuição de 1,9% dos homicídios. Ou seja, a criminalidade está associada à educação e emprego.
Mobilidade urbana
O colapso da mobilidade urbana também é um dos grandes problemas sociais urbanos que estão na vida de todos nós. Ele é uma combinação de vários fatores listados antes, mas você pode não ter percebido. Veja só: a segregação espacial afastou os trabalhadores dos grandes centros comerciais. Por isso, para chegarem aos seus trabalhos, eles enfrentam um longo percurso todos os dias, seja no transporte coletivo ou em veículos próprios.
Pensando no sistema público, o crescimento da população gerou a superlotação dos trens, ônibus e metrôs, o que ocasiona o estresse e o cansaço, que colaboram com o surgimento de doenças, seja de ordem física ou psicológica. Para fugir desse transtorno, uma parte da população opta pelo veículo particular, mas origina outro problema de mobilidade: o trânsito.
Ou seja, todos os problemas sociais urbanos estão interligados e afetam as pessoas de alguma maneira. É por isso que precisamos de medidas para reverter esse cenário, com ações a curto e a longo prazo. Temos que levar essa situação à pauta pública com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população brasileira. Pensar na descentralização dos serviços, na distribuição de renda e no combate à desigualdade são pontos fundamentais para a vida de todos nós.
A Habitat para a Humanidade Brasil atua em diversas frentes com a intenção de transformar realidades. Seja por meio de projetos de reformas habitacionais que levam água, saneamento básico e higiene pessoas que precisam, ou mesmo contribuindo para influenciar políticas públicas e ampliar o debate sobre a melhor ocupação das cidades, especialmente considerando o melhor uso dos investimentos e infraestrutura existentes.
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