O estudo, realizado pela Habitat Brasil com 778 pessoas atendidas pelo programa de melhorias com foco em higiene, reforça a relação entre saúde e acesso à moradia adequada
A fim de investigar os impactos do acesso à moradia na saúde das famílias brasileiras, lançamos uma pesquisa de percepção de mudança de vida com as famílias que foram beneficiadas pelo programa de melhorias habitacionais com foco no acesso à água, saneamento e higiene. O estudo traz os dados do programa de intervenções realizadas em 2020 e 2021, a partir de reformas e construções, com o objetivo de oferecer ambientes mais dignos, saudáveis e seguros.
Ligação direta entre saúde e acesso à moradia
O resultado positivo na saúde dos moradores beneficiados foi um dos principais indicadores do levantamento, reforçando a relação entre saúde e acesso à moradia digna. Isso porque, mais de 50% das famílias atendidas afirmaram ter um ou mais membros com problemas respiratórios como rinite, sinusite, asma, bronquite, entre outros. Mas, após a realização das melhorias, 89% delas disseram que houve melhora nos sintomas das doenças. Além disso, 88% dos núcleos familiares entrevistados confirmaram a importância das intervenções para a prevenção da Covid-19.
“Só de saber que posso me deitar tranquila, sem ter que me preocupar, e saber que nada corre risco de molhar, já é uma benção. Aqui molhava tudo, tinha muita goteira. Em dias de muita chuva, até para cozinhar era difícil, parecia que eu estava cozinhando debaixo de um chuveiro. Eu já perdi muitos móveis por causa disso. Tinha vezes que a gente dormia sentado até passar a chuva. As crianças também ficavam muito doentes, pegávamos muita gripe. Eu e minha neta chegamos a pegar até chikungunya.”
Dona Maria Cristina, moradora da Comunidade Sítio Nova Conceiçãozinha, no Guarujá
Outros resultados obtidos no estudo
Mas, os resultados vão além. Também avaliamos a maneira como os membros das famílias passaram a enxergar a sua própria identidade após as intervenções – 98% dos pesquisados afirmaram que as mudanças contribuíram para a melhora da autoestima. No quesito higiene dos espaços, 98% disseram que as mudanças simplificaram a limpeza da casa. Dentre as famílias que receberam melhorias nos banheiros, 96% declararam realizar as atividades de higiene pessoal com mais facilidade.
Entre as moradias que passaram por mudanças, 80% eram chefiadas por mulheres, sendo 43% mães solo. Mais de 70% do volume total considerava-se de cor parda ou preta.
A amostra apresenta números coletados por meio da aplicação de questionário com perguntas relacionadas ao tipo de melhoria recebida no imóvel, levando em consideração as mudanças nos seguintes aspectos: salubridade do ambiente, autoestima, saúde e bem-estar dos membros da família, limpeza da casa e hábitos de higiene, economia na conta de energia elétrica, economia de tempo, acesso à água, funcionalidade da casa e acessibilidade e segurança. No total, 778 pessoas foram beneficiadas a partir da abordagem do programa de acesso à água, saneamento e higiene.
Economia e segurança
Por atender às famílias majoritariamente pertencentes à classe social D, com renda de 0 a 2 salários-mínimos, segundo a classificação do IBGE, o viés econômico do projeto tornou-se ainda mais importante. A diminuição na conta de energia elétrica foi um dos aspectos abordados, e todas as famílias afirmaram ter percebido diminuição no valor após participar das ações de melhoria. Além disso, no que se refere ao fluxo de água nas casas, 51 famílias receberam reservatórios e, com isso, 96% apontaram melhoria no abastecimento.
Por fim, a segurança surge como outro fator importante no contexto das famílias. Isso porque 94% das famílias participantes do projeto sentiram-se mais seguras em suas casas após as alterações. A privacidade dentro da própria casa, resolvida com instalação de porta no banheiro, por exemplo, ofereceu a 96% dos pesquisados um ambiente mais privativo. Além disso, o programa possibilitou que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida pudessem sentir-se mais seguros em suas moradias. Assim, das 38 famílias com membros nessas condições, 95% sentiram melhora na acessibilidade da casa.
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