Jornada de Luta em Defesa do Recife!

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Se eles investem contra o povo, nós nos levantamos em uma Jornada de Luta em Defesa do Recife!

Socorro Leite
Diretora Executiva da Habitat para a Humanidade Brasil

Ontem, a retomada da ocupação do Estelita também teve o simbolismo do início da Jornada de Luta em Defesa do Recife. Porque a luta nunca foi só pelos armazéns, mas para mostrar que não aceitaremos mais que destruam e entreguem aos ricos nossa cidade.

Não assistiremos que a Prefeitura expulse o povo de suas casas, como fez com o Edifício Holiday e quer fazer com Caranguejo Tabaiares. Lutaremos pelo direito ao trabalho das e dos comerciantes informais e que qualquer projeto na cidade deve também servir a eles, e não como justificativa para retirá-los de onde tiram seu sustento. Que o Plano Diretor de Recife reflita os anseios e necessidades das/os recifenses e não os interesses das grandes construtoras. Se a manhã foi de grande apreensão para as/os que defendem uma cidade para todas as pessoas em Recife, a noite tivemos a consciência que essa luta não está isolada.

Enquanto se demoliam os galpões do Estelita, famílias de uma comunidade próxima ao Cais começaram a ser removidas de forma silenciosa de suas casas. A gestão de Geraldo Julio se iniciou com a promessa de construção de um habitacional na comunidade de Caranguejo Tabaiares, uma Zona Especial de Interesse Social – ZEIS. Hoje, dezenas de famílias que moram na margem do canal não tiveram suas moradias viabilizadas num terreno ao lado, conforme previsto no plano urbanístico e estão sendo obrigadas a ir para um habitacional a 8 km ou aceitar uma indenização irrisória. Apesar da resistência da maior parte das famílias em permanecer no local, a disputa é bem desigual e pode acarretar na remoção forçada das mesmas, caso não se reverta a lógica das coisas.

Também não muito distante do Cais José Estelita, no cobiçado bairro de Boa Viagem, o emblemático Edifício Holiday tem sido objeto de desocupação por parte da prefeitura desde a semana passada. Sob a justificativa de evitar uma tragédia, 476 famílias são retiradas e responsabilizadas por uma solução para que possam voltar. Solução essa que pode não vir tão fácil, considerando o perfil socioeconômico das famílias. Sem o aporte de recursos públicos para apoiar a solução, o Holiday será um prato cheio para a especulação imobiliária, já que desocupadas e deterioradas suas unidades perderão valor e poderão ser facilmente compradas.

Na Conde da Boa Vista, uma nova intervenção na avenida proposta pela Prefeitura será drástica para as trabalhadoras/es informais da área. São anos de tentativa de expulsão e agora a gestão quer viabilizar a retirada das/os ambulantes com a justificativa de um projeto.

Tudo isso ocorre no momento em que se define o novo Plano Diretor de Recife, cujo processo bastante questionado, tem como produto até o momento um projeto de lei que consolida o modelo de cidade para poucos. Com as áreas mais valorizadas da cidade apontadas como projetos especiais, o mercado imobiliário continuará coordenando o planejamento da cidade, desconsiderando seus condicionantes históricos e a existência de infraestrutura. Enquanto para os mais pobres a falta de alternativas parece se institucionalizar, pois nenhuma área ou imóvel abandonado da cidade está sendo demarcado e destinado para a construção de moradia popular.

Todas essas investidas da Prefeitura, da Moura Dubeux e outros agentes, são uma estratégia articulada de guerra ao povo e de privatização da cidade. Mas essa estratégia vai ser barrada na resistência e o Recife, que está sendo roubado, voltará às mãos do povo.

Junte-se à Jornada de Luta em defesa do Recife!

Fortaleça a ocupação no Cais José Estelita!