Com apoio da Fundação OAK, o objetivo do projeto é fortalecer a visibilidade das demandas dos grupos locais através de ações de mobilização e articulação política
Habitat para a Humanidade Brasil selecionou oito coletivos locais para participar de um ciclo de formação em incidência em políticas públicas. O projeto terá duração até o mês de abril e tem como objetivo fortalecer ações locais, em curso ou planejadas, a partir das demandas prioritárias das comunidades.
A iniciativa faz parte de um plano de ação emergencial apoiado pela Fundação OAK. A primeira etapa teve início em 2020 e foi focada no monitoramento de ações do poder público no combate a COVID-19 nas periferias.
A construção de um plano de trabalho; orientação sobre gestão financeira; oficinas sobre comunicação e educação popular; organização política e capacitação em incidência em políticas públicas são parte da programação oferecida aos coletivos no período de formação. Além disso, o programa também tem o propósito de oferecer um intercâmbio de experiências entre os participantes.
Segundo Ronaldo Coelho, assessor jurídico da Habitat Brasil, trabalhar em rede e unir forças de diferentes segmentos é essencial e faz a diferença para exigir que os direitos sejam garantidos em todas as esferas. Por outro lado, a capacitação de atores locais também contribui para quebrar o ciclo de desinformação e desinteresse na participação da vida política da cidade.
“É fundamental o trabalho de capacitação de movimentos e coletivos locais. Empoderar os representantes é torná-los aptos a debater com qualidade nos diversos espaços da cidade. Além disso, capacitar estes segmentos é fortalecer a organização coletiva e transformar estes personagens em multiplicadores de informações e conhecimento”, explica
A importância da Incidência Política
A incidência política, também conhecida como Advocacy, é uma estratégia planejada para mudar políticas, comportamentos ou sistemas. Entre as ferramentas mais utilizadas estão: diagnóstico, análise de poder, campanhas de comunicação, coalizões, pesquisas, acordos privados. Todos pensados de forma integrada e com foco nas causas raiz dos problemas, para levar a mudanças concretas e de longo prazo.
Há anos, a Habitat Brasil utiliza essa estratégia para fazer com que direitos como o acesso à água, saneamento básico e moradia sejam garantidos à população mais pobre. Tudo isso é feito de forma apartidária, ética, propositiva e segura.
Para Ronaldo, em um cenário em que temos “lobistas” que trabalham em prol dos interesses do mercado, o potencial coletivo das organizações do terceiro setor em Fóruns e em redes é a única forma de conseguir medir forças em um cenário tão desigual como o que vivemos.
“Quando as instituições do terceiro setor conseguem demonstrar através de um conjunto de ações, onde está o problema e apontar possíveis soluções, isso por si só já tem uma importância fundamental para buscar alteração. Incidir politicamente junto a estas autoridades públicas aumenta o peso de qualquer proposta debatida pela sociedade, no sentido de influenciar a tomada de decisões e contar com apoio a causa pela sociedade.”, conclui.
Confira a lista completa dos coletivos beneficiados:
- Associação de Moradores Titanzinho – Fortaleza
- ONG Arrpia (Articulação pela Revitalização do Riacho das Piabas) – Campina Grande
- CPP Vila das Torres, e Associação de Moradores da Vila das Torres, Capela Nossa Senhora Aparecida – Curitiba
- Instituto de Educação Pesquisa Extensão e Cultura – IEPEC, Comunidade da Agulha no Distrito de Coaraci. – Belém
- Coletivo Mura – Porto Velho
- Instituto Voz Popular – João Pessoa
- Sociedade de Apoio à Luta Pela Moradia do Tocantins – SALM-TO
- Espaço mulher passarinho – Recife