Habitat Brasil promove ações de dignidade menstrual em Manaus

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Entre 28 de outubro e 1 de novembro, nossa equipe esteve em Manaus, desenvolvendo atividades voltadas à promoção da dignidade menstrual. Foram realizadas 6 oficinas em 4 localidades da capital amazonense, com foco em pessoas em situação de rua, imigrantes, profissionais do sexo e mulheres em privação de liberdade. As atividades, conduzidas por duas educadoras locais especialistas no tema, destacaram a importância do acesso à higiene menstrual como parte fundamental da garantia de direitos.

Por que falar sobre dignidade menstrual?

Imagine viver em um lugar onde algo tão natural quanto a menstruação se torna um desafio diário por falta de condições adequadas. Para milhões de pessoas, essa é a realidade. A ausência de banheiros próprios, água potável e saneamento básico transforma momentos de autocuidado em situações de vulnerabilidade, que muitas vezes incluem riscos de violência ao utilizar banheiros compartilhados ou distantes de casa.

Os números escancaram essa desigualdade. Segundo dados presentes no estudo Com sede de esperança: como a violação do direito à água e ao saneamento impacta a vida das mulheres brasileiras, 38 milhões de brasileiras vivem sem acesso à rede de esgoto, 2,4 milhões não têm água canalizada e 2,3 milhões sequer dispõem de banheiros próprios. A pobreza menstrual não se limita à falta de absorventes; ela reflete um contexto em que a privação de direitos compromete a saúde, a privacidade e a dignidade de quem menstrua.

Conectando moradia digna e dignidade menstrual

Na Habitat para a Humanidade Brasil, acreditamos que para uma moradia ser verdadeiramente digna, não basta apenas um teto e quatro paredes; é necessário garantir o acesso pleno à infraestrutura adequada, como água, saneamento básico e privacidade, condições essenciais para assegurar saúde, dignidade e autoestima. Segundo um levantamento da Johnson & Johnson Consumer, 28% das mulheres de baixa renda, com idades entre 14 e 49 anos, são afetadas pela pobreza menstrual, o que equivale a 11,3 milhões de habitantes.

A pobreza menstrual é um problema que reflete desigualdades raciais, sociais e de renda. Além das repercussões sociais e psicológicas, a falta de acesso a recursos básicos compromete a saúde reprodutiva de quem menstrua. Sem água encanada e banheiros adequados, muitas pessoas enfrentam riscos de infecções e doenças.

Baixe a nossa cartilha sobre moradia, saneamento básico e dignidade menstrual!

Com dados, análises e dicas de autoconhecimento, a cartilha evidencia como questões estruturais afetam a vida de quem menstrua e como podemos avançar na garantia de direitos fundamentais. O material também aborda o impacto do saneamento básico na dignidade menstrual, reflexões sobre a pobreza menstrual e a desigualdade social, destacando a importância do tema e da implementação de políticas para transformar essa realidade. Clique aqui e confira na íntegra!

Saiba mais sobre o impacto da ausência do saneamento básico na vida das mulheres

Lançado em setembro de 2024, o estudo Com sede de esperança: como a violação do direito à água e ao saneamento impacta a vida das mulheres brasileiras, aponta como a falta de água potável e saneamento adequado compromete a saúde, a dignidade e os direitos de milhões de mulheres no país.

Apesar do estudo trazer foco no impacto da falta de água na vida das mulheres, sabemos que as pessoas que menstruam abrangem um público ainda maior e que também sofrem os impactos da pobreza menstrual. Neste sentido, acreditamos que o nosso papel, enquanto uma organização da sociedade civil, é sensibilizar cada vez mais pessoas para essa causa, utilizando a incidência política e projetos sobre o tema para cobrar ações mais efetivas do poder público, fortalecendo organizações locais atuantes no tema e disseminando informação sobre formas de acesso à higiene básica e aos direitos garantidos por lei à população vulnerabilizada.