Às vésperas do Dia das Mães, mulheres de Jacarezinho choraram a morte de seus filhos. Confira três filmes que retratam a maternidade como resistência à violência de Estado
Na operação mais letal do Rio de Janeiro, 29 pessoas foram mortas em uma operação da Polícia Civil. Mesmo durante a pandemia, a política de segurança pública segue sendo pautada pelo confronto e violência, em desrespeito a uma decisão do STF que, em junho do ano passado, proibiu operações policiais desse tipo durante a crise sanitária.
Nós da Habitat para a Humanidade Brasil prestamos solidariedade a todas as vítimas e familiares do massacre. Para refletir mais a fundo sobre o luto que diversas mães periféricas são obrigadas a enfrentar após perderem seus filhos pela ação do Estado, selecionamos três filmes que retratam a questão.
Não Saia Hoje – Susanna Lira
“Não Saia Hoje” é um conselho que várias mães disseram aos seus filhos em maio de 2006. Infelizmente, muitos deles precisaram sair de casa e elas não puderam protegê-los da violência dos chamados Crimes de Maio, quando o confronto com a polícia militar de São Paulo e a facção criminosa PCC deixou um rastro de mais de 500 mortos na cidade. O filme constrói uma narrativa poética sobre o luto, a luta e esperança dessas mulheres que foram apartadas precocemente do convívio com seus filhos e hoje batalham para que suas histórias não se repitam. Maternidade como resistência a violência de Estado é o motim de luta de todas essas mães que estão presentes neste filme.
“Deus” – Vinícius Silva
A ideia do curta-metragem “Deus”, que traz às telas o universo cotidiano de uma mãe negra na periferia de São Paulo, nasceu da própria trajetória pessoal de Vinícius, que foi o primeiro de sua família a concluir um curso universitário.
A Mãe – Cristiano Burlan
“A Mãe” é um longa-metragem de ficção sobre o desespero de uma mãe periférica que fará de tudo para recuperar o filho desaparecido. Estrelado por Marcélia Cartaxo, vencedora do urso de prata de melhor atriz no festival de Berlim, e dirigido por Cristiano Burlan, o filme é um mergulho intimista na vida e no luto de uma mulher que ao ver a vida de seu filho abreviada pelas mãos e violência do Estado, precisa enfrentar a burocracia opressora das grandes metrópoles para poder vê-lo uma última vez.