Mil moradias em Heliópolis (SP) receberam melhorias da Habitat: Um case de articulação para melhoria habitacional

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A casa é o centro da vida. É onde se cria vínculo, descansa o corpo, alimenta a saúde física e mental e se constrói futuro. Mas, em Heliópolis, que é a maior favela de São Paulo, milhares de famílias vivem há décadas em moradias que não garantem o mínimo de dignidade. Foi ali que a Habitat para a Humanidade Brasil decidiu aprofundar sua atuação, em uma jornada que conecta moradores, voluntários, organizações locais e empresas privadas pelo direito à moradia adequada.

Este é um dos casos mais emblemáticos da organização no Brasil. Um exemplo de como soluções sustentáveis, com participação comunitária e articulação local, podem transformar realidades complexas — sem deslocar as pessoas do território que construíram com tanto esforço.

Desafio: moradias precárias em um território consolidado

Heliópolis nasceu há mais de 50 anos a partir da realocação de famílias da Vila Prudente. Cresceu de forma desordenada, sem planejamento urbano, até se tornar o que é hoje: uma comunidade com cerca de 225 mil habitantes, 18 mil imóveis e mais de 3 mil estabelecimentos comerciais.

Apesar de contar com infraestrutura pública básica — como escolas, hospitais, água e energia elétrica —, as moradias são majoritariamente fruto da autoconstrução e apresentam um déficit qualitativo grave. Ventilação insuficiente, falta de iluminação natural, problemas de acessibilidade, infiltrações e banheiros inadequados são alguns dos desafios enfrentados no cotidiano. A densidade populacional e o adensamento das construções agravam ainda mais as condições de vida das famílias com menor condição econômica.

Esses são problemas que o poder público, sozinho, não consegue resolver. A resposta precisa vir também da sociedade civil, com escuta ativa, apoio técnico e participação direta das famílias.

Solução: melhorias habitacionais com metodologia participativa

A Habitat para a Humanidade Brasil atua em Heliópolis há mais de uma década, com foco na melhoria habitacional em territórios consolidados — ou seja, atuando onde as famílias já vivem, respeitando seus vínculos com o território. A organização entende que não é removendo as pessoas que se resolve o problema da moradia, mas sim garantindo salubridade e segurança dentro de casa.

A metodologia da Habitat começa com a escuta das lideranças comunitárias, que indicam famílias em situação de vulnerabilidade. A própria comunidade participa do levantamento dos dados, por meio de cadastros socioeconômicos, com apoio de agentes de saúde e organizações locais como a UNAS (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região) — parceira histórica da Habitat Brasil  na mobilização territorial.

Temos até uma base dentro de Heliópolis, ao lado do Telecentro.

As intervenções priorizam casas com renda per capita de até ½ salário mínimo, com foco em mulheres chefes de família, pessoas LGBTQIA+ e residências com status de posse (próprias ou cedidas por parentes). As obras são pontuais, com duração média de 7 a 10 dias, e resolvem os principais pontos de insalubridade: troca de telhado, reforma de banheiros, ajustes elétricos e melhorias na circulação de ar e iluminação.

Resultados e impacto: 1.000 famílias beneficiadas em Heliópolis e mais dignidade no dia a dia

Mais de mil famílias já foram atendidas em Heliópolis. Em 2023 e 2024, a média anual gira entre 100 e 120 casas reformadas, sempre com acompanhamento técnico, escuta ativa e capacitações sobre cuidados com a moradia, direitos sociais e cidadania. Três meses após cada obra, uma pesquisa de percepção é realizada com os moradores para entender os impactos reais no cotidiano.

Durante a pandemia, o foco se voltou à água e saneamento (WASH, sigla em inglês para água, saneamento e higiene), com reformas de banheiros, instalação de pias comunitárias e melhorias em ventilação — sempre com atendimento 100% gratuito às famílias.

Além disso, a atuação da Habitat Brasil em Heliópolis ganhou relevância simbólica: ao atuar na maior favela da capital paulista, a organização reforça a representatividade dessa comunidade como espelho de tantas outras favelas brasileiras, mostrando que é possível transformar sem remover.

Voluntariado corporativo e impacto além do território

Parte fundamental dessa transformação são as Brigadas Voluntárias, projeto  Habitat Brasil que mobiliza funcionários de empresas parceiras para participar diretamente das reformas nas casas em Heliópolis. As ações de voluntariado corporativo aproximam o setor privado da realidade das comunidades e contribuem para a formação de uma cultura de engajamento social. Saiba como envolver a sua empresa.

Mas o impacto não para por aí: como contrapartida, as empresas também financiam obras em outras regiões, como a construção de cisternas no semiárido nordestino ou melhorias habitacionais em comunidades do Rio Grande do Sul. Assim, o que começa com um gesto em São Paulo reverbera em múltiplos territórios, conectando diferentes causas em torno do mesmo princípio: todo mundo merece um lugar digno para viver.

Para acompanhar mais conteúdos como este e conhecer nossas iniciativas, acesse o site da Habitat para a Humanidade Brasil.

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