Habitat Brasil distribui cestas básicas para famílias em vulnerabilidade

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Ação emergencial se dá em pior fase da pandemia, hoje 19 milhões de brasileiros enfrentam a fome

O agravamento da pandemia colocou famílias em vulnerabilidade social em situação ainda mais delicada. Segundo a pesquisa Olhe para a Fome, divulgada pela Rede Brasileira de Pesquisa e Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, o país possui o maior índice de insegurança alimentar dos últimos 17 anos. Um total de 19 milhões de brasileiros enfrentam insegurança alimentar grave hoje. 

Para apoiar algumas comunidades que estão enfrentando essa dura realidade, a Habitat para a Humanidade Brasil distribuiu 391 cestas básicas, 1.000 máscaras e 346 frascos de álcool em gel em comunidades de sete estados diferentes. 

Segundo Socorro Leite, Diretora Executiva da Habitat Brasil, a organização decidiu realizar mais uma ação de distribuição de alimentos pois, nos territórios onde desenvolve projetos, a equipe estava se deparando com uma situação crítica. 

“Avaliamos que seria importante voltar a apoiar algumas comunidades mais próximas com alimentos e material de higiene e limpeza, por conta do agravamento da pandemia e da fome. Estávamos desenvolvendo ações dos projetos de Habitat nos territórios e nos deparando com situações muito críticas. Não dava pra não apoiar. E conseguimos chegar em comunidades de alguns estados do país”, explica

Socorro também enfatiza que esse tipo de ação emergencial é fundamental, mas não devem e não vão durar para sempre. Para ela, a ausência de políticas públicas para fornecer o mínimo de proteção social a essas pessoas em um momento de crise sanitária é um dos fatores fundamentais que nos levou ao cenário que temos hoje.

“Infelizmente por conta da omissão do governo federal e de parte dos governos locais, temos vivenciado um aumento das desigualdades. A fome é um reflexo disso. Muitas pessoas não têm como se sustentar e sustentar seus dependentes. Por isso as campanhas de solidariedade são muito importantes nesse momento, mas não devem durar para sempre. Políticas públicas de assistência social precisam focar nessas pessoas”, explica.

O efeito de políticas públicas

O auxílio emergencial foi a principal política pública adotada pelo Brasil durante o período de pandemia em 2020. O valor não serviu apenas como amparo para boa parte da população, mas também ajudou a diminuir a desigualdade de renda no país a níveis historicamente baixos no período em que foi pago.

O efeito positivo desse tipo de política não é exclusividade do Brasil. Uma pesquisa publicada pelo Economics & Human Biology mostra como políticas de proteção social como a transferência de renda previne mortes por covid-19 no mundo inteiro.  

De acordo com o estudo, 166,69 milhões de mortes por coronavírus foram evitadas no mundo por programas de suporte de renda até o dia 15 de maio de 2020. A publicação também aponta que países com programas mais robustos de renda, registraram, em média, menores taxas de contágio e de mortalidade pelo vírus. 

Com o fim do auxílio emergencial em dezembro de 2020 no Brasil, assistimos a um aumento significativo da pobreza e da extrema pobreza no país, além de uma alta taxa de mortalidade entre os grupos que, por questões de trabalho, não podem realizar isolamento social. Segundo um levantamento realizado pelo Lagom Data para o jornal El País, as mortes entre caixas, frentistas e motoristas de ônibus aumentaram 60% no país.

A reedição do benefício se dá em meio ao período mais crítico da pandemia no país e após muita pressão da sociedade civil. A Habitat Brasil, junto com outras organizações, cobrou a reedição no valor de R $600 até o fim da pandemia.

Para reverter o cenário de aumento da desigualdade é necessário desenvolver outras políticas públicas orientadas pelo princípio humanitário de inclusão e equidade. A Habitat segue na linha de frente para garantir o mínimo de segurança e dignidade para quem mais precisa.