Habitat Brasil constrói 109 cisternas para famílias no sertão nordestino

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Projeto leva acesso à água potável para mais de 500 pessoas em situação de vulnerabilidade em Pernambuco e Ceará

No Brasil, 6,1 milhões das casas brasileiras não contam com abastecimento diário de água (IBGE, 2019). São 18,4 milhões de brasileiros, a maioria vivendo no Nordeste, sem poder lavar as mãos e se higienizar todos os dias. Situação que é agravada pela pandemia da COVID-19 que persiste.

Diante desse cenário, a Habitat para a Humanidade Brasil realizou a entrega de 109 cisternas, beneficiando mais de 500 pessoas que vivem no município de Triunfo (PE) e Itapipoca (CE). As cisternas começaram a ser construídas em julho em parceria com organizações locais e com apoio das prefeituras.

Desde 2010, a Habitat Brasil atua na região do sertão e agreste pernambucano, reparando o telhado das moradias e construindo cisternas para o armazenamento de água da chuva. Além do acesso à água, as famílias beneficiadas recebem capacitações sobre como manter a água potável dentro do reservatório e oficinas sobre direitos humanos e políticas públicas. Em onze anos de trabalho, a organização construiu mais de 600 cisternas, beneficiando cerca de 3.000 pessoas. 

“Nós priorizamos o atendimento a famílias lideradas por mulheres e com crianças, idosos ou pessoas com problemas de saúde e deficiências morando na casa. Mas o principal critério é que sejam famílias em área rural, sem acesso a água, que recebam até 2 salários mínimos de renda familiar mensal. A mudança na qualidade de vida para as famílias é imediata. Não podemos conceber que milhares de famílias ainda carecem de acesso a este direito humano mais básico, ainda mais diante da crise sanitária que estamos vivendo, afirma Mohema Rolim, Gerente de Programas da Habitat para a Humanidade Brasil e responsável pelo projeto.

Mudança de Vida para Andréia

500 metros. Essa é a distância que Andréia, moradora do Sítio Melancia, zona rural de Triunfo, percorria todos os dias para conseguir água para beber, cozinhar e realizar a tarefas domésticas.  

Localizada na zona rural deem Pernambuco, a rotina de plantar, buscar água e lavar roupas na beira de um rio faz parte da vida de muitos moradores da região desde a infância.  A água que Andréia coletava é de um poço no leito do rio Pajeú. A fonte não é segura e nunca foi testada, mas era a água mais limpa que ela conseguia ter acesso. 

“Eu colocava cloro na água que separava pra gente beber aqui em casa. Foi o único jeito que encontrei de tentar proteger um pouco mais meus filhos. Eu tinha muito medo de que eles ficassem doentes.”, conta Andréi

 

Fico muito agradecida pela oportunidade de ter essa cisterna que era tão sonhada. Vai fazer muita diferença na saúde de meus filhos, todo ano eles tinham crises de verme por conta da água. Para mim, a saúde das crianças é a coisa mais importante, então agora estou muito feliz”

Águas para Vidas 

As cisternas são feitas com placas de concreto com capacidade de armazenar até 16 mil litros d’água, o que é suficiente para manter uma família de quatro pessoas abastecida com água potável pelo período de um ano. Quando chove, a água cai na calha do telhado, desce pela tubulação e chega até o reservatório. Nas épocas de seca, basta usar a bomba e retirar água potável pronta para consumo, alimentação e agricultura. De acordo com a ASA (Articulação Semiárido Brasileiro), ainda existe um déficit de 350 mil cisternas para que o acesso à água potável seja universalizado na região.