Chuva de esperança no agreste

Share this

Dona Josefa e Seu Cícero são casados e vivem em Riacho das Almas (Pernambuco) com seus filhos. Dona Josefa começou a trabalhar aos 15 anos de idade na roça. Foi lá que ela conheceu Cícero, que também é agricultor e começou a trabalhar aos 08 anos de idade para ajudar a sustentar a família quando seu pai faleceu. Como muitas crianças da época, Josefa e Cícero não puderam frequentar a escola pois precisavam trabalhar e ajudar a família em casa, além de serem responsáveis pela tarefa de buscar água todos os dias. Nenhum dos dois sabe ler e escrever e não terminaram o ensino fundamental. Por isso, ambos dizem que seu maior sonho é ver os filhos formados e com chances de uma vida melhor.

Em 2015, seu Cícero teve um infarto e desde então vem sofrendo com problemas cardíacos. Devido aos problemas de saúde, não conseguiu mais trabalhar e a renda da família diminuiu consideravelmente nos últimos anos. Para ajudar nas contas da casa, Dona Josefa passou a fazer bicos: ela prega botões em bermudas e calças e recebe 15 centavos por peça de roupa. A carga de cuidar da casa, dos filhos, trabalhar e buscar água estava se acumulando e começou a afetar a sua saúde. Há 5 anos, a família já estava inscrita no Programa 1 Milhão de Cisternas, uma iniciativa da Associação do Semiárido viabilizada pelo Governo Federal mas que, desde 2015, sofreu duros cortes de recursos como a grande maioria dos programas sociais da região.

Em 2017, um grupo de voluntários dos Estados Unidos se juntou à Habitat para a Humanidade Brasil para colaborar com o projeto Água para Vidas e construir cisternas de 16 mil litros para 6 famílias no município de Riacho das Almas. Dona Josefa e seu Cícero foram uma das famílias selecionadas e em 5 dias, a cisterna estava pronta. O casal participou de todo o processo de construção junto com os voluntários e equipe técnica do projeto. Agora, com a cisterna abastecida, dona Josefa ganhou mais 3 horas no seu dia para descansar e dedicar energia à sua família. Seu Cícero continua se recuperando e não está mais com riscos de contrair infecções devido a água insalubre. Ele espera poder voltar a trabalhar logo. As crianças também estão mais saudáveis e continuam estudando para alcançarem seus sonhos: terminar os estudos e se formarem para ajudar a comunidade.