Em meio a um período eleitoral que trouxe à tona a ausência, ou a tímida presença, de políticas públicas para o setor de habitação nos planos dos candidatos à Presidência, a Campanha Despejo Zero, articulação formada por 175 organizações, a exemplo da Habitat para a Humanidade Brasil, lança novos dados sobre a atual situação da área habitacional no país. O mapeamento, com registros comparativos de março de 2020 a setembro de 2022, traz o aumento expressivo de grupos familiares ameaçados de despejo. Atualmente, há quase 190 mil famílias nessa condição, o que representa um crescimento de 901% em comparação com o início da pandemia. O destaque é para o estado de São Paulo, que acumula quase 60 mil desse montante, seguido do Amazonas, com cerca de 28 mil famílias ameaçadas.
O balanço divulgado também revela um aumento de 453% no número de famílias despejadas no mesmo período. Em março de 2020, havia 6.373 atingidas por ações de despejo, em setembro de 2022 o registro é de mais de 35 mil famílias despejadas. Com o corte de 98% no orçamento para a produção de novas moradias, realizado pelo governo federal, e com um déficit habitacional de quase 6 milhões de habitações, a suspensão dos despejos durante a pandemia tornou-se ainda mais necessária. O levantamento aponta que, devido à ADPF 828, que restringiu as ações de remoções, despejos e reintegrações de posse durante o cenário pandêmico, mais de 151 mil pessoas foram protegidas de despejos forçados. Em parceria com a Campanha Despejo Zero, a bancada do PSOL na Câmara protocolou um pedido de prorrogação da liminar, que está em vigor somente até o próximo dia 31, e meio milhão de pessoas podem ficar sem teto, tendo em vista a grave crise econômica e social que o país enfrenta.