A tragédia aconteceu entre os dias 18 e 19 de janeiro e atingiu a região habitada por cerca de 50 famílias às margens do Igarapé do Gigante, que já sofre com a ausência de serviços públicos.
Na madrugada de sábado (18) para domingo (19), fortes chuvas atingiram a comunidade do Beco Macapá, no bairro de Redenção, na zona oeste de Manaus (AM). O deslizamento de terra ocasionou na morte de Jeferson Araújo Pereira, 32 anos, e da filha, Ester Amorin, 8 anos. Mais de 20 ocorrências foram registradas pelo Centro de Cooperação da Cidade (CCC).
O território, habitado por cerca de 50 famílias, foi visitado pelas Missões pelo Direito à Água e ao Saneamento, realizadas pela Habitat para a Humanidade Brasil, em parceria com o Fórum das Águas, e em conjunto com outras 17 organizações, em junho de 2024. Na ocasião, foram feitas recomendações aos 5 territórios visitados (Puraquequara, Parque das Tribos, Colônia Antônio Aleixo, Beco Macapá e Santa Etelvina), que resultaram em um Relatório.
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Manaus ocupa a oitava posição no ranking de municípios com maior número de ocorrências de desastres naturais, com 19 episódios registrados, a maioria de origem hidrológica, como enchentes e enxurradas, seguidos pelos deslizamentos em áreas urbanas vulneráveis.
As consequências da ausência de políticas públicas habitacionais adequadas são especialmente graves durante o inverno amazônico, quando as áreas periféricas são as mais afetadas pelas enchentes e desmoronamentos. Esses fenômenos resultam em mortes, além de famílias que perdem suas casas e se veem forçadas a reconstruir suas vidas do zero. Ninguém escolhe morar em área de risco.
“Nosso problema é quando chove que alaga, transbordando o igarapé com muito lixo, de gestão em gestão continuamos sofrendo, a única coisa que temos hoje foi a encanação da água, continuamos sofrendo!” Cintia – moradora do Beco Macapá em audiência pública na Assembleia Legislativa do Amazonas, durante as Missões pelo Direito à Água e ao Saneamento.
A Habitat para a Humanidade Brasil, organização que trabalha pela garantia dos direitos humanos e, especificamente, pelo direito à moradia, lamenta a tragédia ocorrida na região, registra sua solidariedade às famílias e reforça a importância da promoção de políticas públicas adequadas que garantam o acesso à moradia digna e justiça climática.