Especialistas fazem apelo para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas por meio de moradias resilientes

Share this

Furacões, terremotos, secas, avalanches, temperaturas extremas e inundações. Segundo dados da ONU, esses desastres exacerbados pelas mudanças climáticas são a realidade enfrentada por mais de 152 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe desde o ano 2000, que foram diretamente afetadas pelos mais de 1.200 desastres ocorridos. Esses desastres afetam principalmente 45% da população latino-americana, que, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, não possui um lugar digno para morar.

Diante dessa realidade, durante o 5º Fórum de Moradia e Habitação organizado pela Habitat para a Humanidade, especialistas internacionais e principais atores do setor habitacional da região fizeram um apelo oficial aos governos e autoridades para que as administrações trabalhem, por meio de alianças intersetoriais, na busca por soluções que tornem as moradias locais resilientes, de onde as famílias possam enfrentar a atual crise climática.

“É necessário reconhecer que os efeitos das mudanças climáticas no setor habitacional estão sendo drásticos e afetam diretamente as moradias das famílias mais vulneráveis na região. Precisamos criar soluções habitacionais que sejam sustentáveis, com preços acessíveis e que permitam ter casas mais resilientes, de onde as famílias possam ter um refúgio seguro para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas”, afirma Ernesto Castro, vice-presidente de área da Habitat para a Humanidade na América Latina e no Caribe.

Também durante o 5º Fórum de Moradia e Habitação, os diversos atores reconheceram a urgência de atender aos mais de 120 milhões de latino-americanos que vivem em assentamentos informais, número calculado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

“Essa população habita moradias geralmente construídas com materiais precários. Somente por meio de soluções intersetoriais podemos atendê-los adequadamente, com um componente chave que é envolver a própria comunidade na busca por propostas. Para isso, precisamos unir governos nacionais e locais, sociedade civil, ONGs, academia, comunidades, sem esquecer o setor privado, para fornecer as soluções corretas. Juntos, precisamos buscar soluções inovadoras, sustentáveis, resilientes e acessíveis”, comenta Castro.

Iniciativas inovadoras:

Também durante o 5º Fórum de Moradia e Habitação, foram apresentadas 12 iniciativas inovadoras em habitação que estão sendo desenvolvidas atualmente na região. Essas foram as vencedoras do concurso Práticas Inspiradoras UHPH 2023, escolhidas por um júri de 36 especialistas internacionais, onde, diante de 145 inscrições de 16 países diferentes, se destacaram por seus modelos de operação e práticas de produção sustentável, sendo exemplos a serem replicados em toda a região.

O primeiro lugar na categoria de Políticas Públicas Locais foi para o “Banco de Terras da Prefeitura de Alberti – Ecoplan da Argentina”; na categoria de Iniciativas Sociais e Comunitárias, a vencedora foi uma iniciativa nicaraguense chamada “Fábrica para a Produção Sustentável de Materiais de Construção para Habitações Ecológicas de Interesse Social”, feitos de materiais plásticos recicláveis; para a categoria de Tecnologias para Habitação ShelterTech, a vencedora foi a iniciativa “Plataforma Habitação do Brasil”; e na categoria de Políticas Públicas Nacionais, o vencedor foi o projeto “Registro Nacional de Bairros Populares (ReNaBaP) e Programa Argentina Unidade pela Integração de Bairros Populares” da Secretaria de Integração Socio Urbana da Argentina.

Esta última também foi votada como a favorita do público pela maioria dos mais de 600 participantes do Fórum. Ela se destaca por atender aos mais de 5.600 bairros populares, nos quais vivem 5 milhões de pessoas em diferentes graus de precariedade e superlotação na Argentina, a maioria sem acesso a serviços básicos ou infraestrutura urbana adequada.

Em 2016, foi desenvolvido o histórico Levantamento Nacional de Bairros Populares, que possibilitou visibilizar essa realidade e iniciar uma política nacional de integração sócio-urbana. Atualmente, mais de 1.000 projetos de integração sócio-urbana estão em desenvolvimento, contemplando dimensões ambientais e de mitigação de riscos, associadas a aspectos climáticos e ambientais nos territórios onde os bairros populares estão situados.

Sobre o Fórum:

O 5º Fórum de Moradia e Habitação foi organizado pela Habitat para a Humanidade, convocado por meio da Plataforma de Práticas de Habitat Urbano e Habitação (UHPH); e contou com o Ministério de Habitação, Cidade e Território da Colômbia, a Secretaria Distrital de Habitat de Bogotá e a Prefeitura de Bogotá como coanfitriões.

O evento ocorreu em Bogotá, Colômbia, com o apoio da Fundação Hilti como apresentadora global, bem como com o patrocínio de parceiros regionais como a Whirpool Corporation, Grupo Argos, ONU Habitat, Banco de Desenvolvimento da América Latina – CAF, Swiss Contact, World Vision, Cúpula Internacional de Habitat da América Latina e Caribe, Miyamoto, Eternit e a Associação de Empresas Imobiliárias do Peru. Anteriormente, ele ocorreu virtualmente a partir da Costa Rica em 2021, na República Dominicana em 2018, no México em 2015 e na Colômbia em 2012. Todas as sessões do 5º Fórum de Moradia e Habitação estão disponíveis em www.uhph.org/es/foro.