Projeto pioneiro de aluguel social, liderado pela Habitat para a Humanidade Brasil e pelo Fundo FICA, prevê entrega de seis apartamentos até dezembro

O início das obras marca a nova etapa da Casa da Concórdia, primeira iniciativa de aluguel social voltada a imigrantes estrangeiros em situação de vulnerabilidade no Recife. Fruto de uma parceria da organização Habitat para a Humanidade Brasil e o Fundo FICA, o projeto prevê a entrega de seis apartamentos até dezembro, em um imóvel doado na Rua da Concórdia, no bairro de São José.
A ação surge, também, em resposta ao aumento de 155% na população imigrante em Pernambuco nos últimos anos, segundo dados do Censo 2022 do IBGE. Na próxima quarta-feira (13), o projeto recebe, a partir das 10h, representantes de organizações sociais, coletivos e do Fundo FICA para marcar a nova etapa, com apresentação oficial do projeto e visita às obras na tarde do mesmo dia.
A locação social é uma estratégia de política habitacional que garante moradia por um valor simbólico ou abaixo do preço de mercado a pessoas em situação de vulnerabilidade, visando assegurar o direito à cidade e promover inclusão social. Na Casa da Concórdia, os beneficiários serão imigrantes estrangeiros em busca de um recomeço no Brasil, que receberão acompanhamento social durante o processo de adaptação.
Países como França, Inglaterra, Alemanha, Holanda e Estados Unidos possuem sistemas consolidados de habitação social que incluem o aluguel subsidiado ou aluguel social, demonstrando que essa é uma prática eficaz e amplamente adotada.
A iniciativa inclui, ainda, um plano de acompanhamento social, oferecendo apoio na regularização documental, aprendizado do português e inserção no mercado de trabalho. Com um orçamento estimado de US$200 mil, o projeto também visa influenciar políticas públicas, incentivando soluções sustentáveis para habitação social no Brasil.
“Mais do que a revitalização da estrutura e reforma de edificação que está localizada no centro do Recife, a Casa da Concórdia é um instrumento para ampliar o conhecimento e sensibilizar a sociedade sobre questões urgentes que permanecem muitas vezes invisíveis. Estamos falando sobre a importância da moradia social em áreas centrais, a diversidade de formatos de acesso à moradia adequada — incluindo o aluguel social — e o reconhecimento dos direitos e necessidades específicas de famílias imigrantes em situação de vulnerabilidade. O início das obras e a articulação com organizações que conhecem essa realidade são passos concretos — e também simbólicos — para colocar esses temas no centro da agenda pública e inspirar mudanças”, ressaltou Mohema Rolim, Gerente de Programas da Habitat Brasil.
A expectativa é que a Casa Concórdia se torne referência para iniciativas semelhantes em outras cidades brasileiras, contribuindo para uma abordagem mais humanizada e efetiva das políticas de habitação social voltadas à população imigrante.
“A Casa da Concórdia busca consolidar, além do acesso à moradia e apoio social para 30 pessoas em situação de migração ou refúgio, também uma frente de incidência política e contribuição ao debate público sobre o tema da habitação social para a população imigrante. É um tema urgente e que ainda representa uma lacuna nas políticas públicas nas três esferas de governo. O projeto da Casa da Concórdia incide, portanto, sobre três temas muito importantes: a oferta de moradia e disseminação do modelo da Locação Social; o investimento em habitação social em áreas centrais e subutilizadas; e a construção de políticas públicas de moradia para a população imigrante e em situação de refúgio”, conta Simone Gatti, diretora presidente do FundoFICA e FundoFUA.